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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Delírio

Entre febris visões tumultuárias,
sinto que vens... parece-me entrever-te
o côncavo perfil, mau e solerte,
feio como o das bruxas visionárias.

Vens do Inferno ou do Caos: tremo de ver-te.
Teus olhos, onde morrem luminárias,
lembram-me duas covas solitárias
cuja sombra escondesse um charco inerte...

Teu manto real... são súplicas, gemidos,
farrapos de indigentes e vencidos
e lamentos de mães, choros de irmãs...

E vais, como os duendes monstruosos...
e onde andaram teus passos vagarosos
fica o silêncio atroz das cousas vãs...